E agora divulgadores?


Por Camila Cabete | Texto publicado originalmente em PublishNews | 11/04/2014

E agora divulgadores??

A grande pergunta que não quer calar é: Como divulgar o livro digital? Para mim, consumidora e já totalmente adaptada ao mundo digital desde 2009, não basta ser on line, tem que ser no mundo físico também.

Ninguém até hoje, investiu em divulgação de e-book, “tangibilizando”, ou seja, tornando ele um pouco palpável. Os motivos são inúmeros, a começar por problemas nas lojas por conta de sistemas de cobrança, até por falta de verba, pois a maior parte dela vai para divulgação do livro impresso.

Pensemos: o que você faria caso tivesse uma boa verba, ou mesmo que fosse meio a meio com o livro impresso? Por incrível que pareça a maioria dos setores de divulgação simplesmente não sabe, não conhece o produto e ainda é cheio de preconceitos e paradigmas.

Então por conta disso, aqui vão itens para inspirar nossos marketeiros, divulgadores, vendedores, merchandisers. Resolvi listar curiosidades dos bastidores das lojas digitais [entenda-se Kobo] e também de ideias loucas da minha cabeça, mas que acho possíveis:

– Você já parou para analisar os metadados? Ok ok, assunto velho, e já escrevi aqui muitas e muitas vezes, mas por incrível que pareça, muita gente não sabe como trabalhar com eles, ou melhor, como fazê-los trabalhar. Metadado nada mais é que as informações que você sobe nas lojas a respeito de uma obra. Você sobe sua obra no buraco negro da internet e cada dado que você vai alimentando nos sistemas, é como se fosse uma estrelinha, que aparecerá para a pessoa certa, justamente quando ela precisar [ó que lindo!]. Cada espaço/campo do metadado é valioso para você, ele te ajuda a indexar o seu e-book não só na loja, mas na internet. E qual não é o meu espanto, ao saber que a maior parte dos editores só preenchem os dados obrigatórios. Algumas empresas se superaram e passaram a usar o ONIX para subir os metadados via Excel. E qual não é minha surpresa também ao saber que elas não tem explorado nem um décimo da capacidade das tags de um ONIX. Acho que a parte operacional das editoras têm se desenvolvido bem, agora falta o trabalho de analista, analista de dados, de negócio. Alguém ali pensando em metadados, veja bem, não falo catalogação. São coisas bem diferentes. Você tem que subir o máximo de quantidades possíveis de informação!!! Por favor!!!!

– Você sabia que quantidade de download é poder? Se você tem um e-book de graça e ele tem números bons de download, você pode usar isso a seu favor, ao vender um espaço ou tentar um patrocínio?

– Sabia também que quando um leitor “ganha” um e-book de uma determinada editora, ele fica recebendo novas sugestões de leitura sempre ligadas de alguma forma a sua editora/autor/imprint? Sim meu povo, ao participar de alguma campanha, cedendo um de seus títulos, você está prendendo os leitores a vocês. Dar um livro a uma loja para participar de uma campanha de merchandising não é favor, é empreendedorismo. É como se passasse um laço no pescoço de seu leitor [eita, que grosseria] ou melhor, liga o editor/selo/autor/categoria ao leitor, ao histórico dele, forever!
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– Os espaços nas lojas de e-books não são pagos ainda =] É bem tranquilo conseguir alguma ação sem travar a infinita guerra do jabá.

– Já pensaram em acessórios? Capas de gadgets, com a arte das capas dos livros? Tiragens limitadas de e-book+capa para o Kobo+impresso+código promocional para capturar o e-book? Estamos na era dos acessórios minha gente. Quantas capinhas de celular você tem? Ou quantas tem vontade de comprar? Explore isso, a arte das capas são de vocês, editores [a maioria dos contratos de designer cedem os direitos totalmente]. Eu quero meu acessório com a minha capa de livro preferida!!!!! Capa de livro antropologicamente falando, faz com que você seja inserido no clube de determinada tribo. Você quer [na maioria da vezes] ser identificado pelo seu livro preferido do momento, não?

– Já pensaram em kits digitais de divulgação? Um wallpaper fofo, com um tema de celular, selos de divulgação e artes exclusivas, tudo isso acompanhando o e-book, para o seu blogueiro/jornalista/site preferido?

Poderia ficar páginas e páginas aqui criando coisas para se fazer com o livro digital. Algumas destas ideias já tenho tentado plantar na cabeças das minhas editoras parceiras. Mas tudo depende muito de verba, de importância que a editora dá ao produto digital. Produto este que já é uma realidade mercadológica [as e-bookstores principais, não vendem menos de 150/200 mil exemplares de e-books ao ano, só no Brasil!!!] Se isso não é um mercado aquecido… me digam o que é =]

Dicas, reclamações e sugestões de pauta camila.cabete@gmail.com

Por Camila Cabete | Texto publicado originalmente em PublishNews | 11/04/2014

Camila Cabete [@camilacabete] tem formação clássica em História e foi responsável pelo setor editorial de uma editora técnica, a Ciência Moderna, por alguns anos. Entrou de cabeça no mundo digital ao se tornar responsável pelos setores editorial e comercial da primeira livraria digital do Brasil, a Gato Sabido, além de ser a responsável pelo pós-venda e suporte às editoras e livrarias da Xeriph, a primeira distribuidora de conteúdo digital do Brasil. Foi uma das fundadoras da Caki Books [@CakiBooks], editora cross-mídia que publica livros em todos os formatos possíveis e imagináveis. Hoje é a Brazil Senior Publisher Relations Manager da Kobo Inc. e possui uma start-up: a Zo Editorial [@ZoEditorial], que se especializa em consultoria para autores e editoras, sempre com foco no digital. Camila vive em Copacabana e tem uma gata preta chamada Lilica.

A coluna Ensaios digitais é um diário de bordo de quem vive 100% do digital no mercado editorial brasileiro. Quinzenalmente, às quintas-feiras, serão publicadas novidades, explicações e informações sobre o dia-a-dia do digital, críticas, novos negócios e produtos.