Escritores da nova geração debatem uso da internet


Brasília | Os limites e o papel da internet entre as novas gerações de escritores foi o principal tópico debatido pelos convidados da terceira mesa temática “A nova geração de ficcionistas”, encontro realizado na manhã de domingo [20] da Bienal do Livro e da Literatura, em Brasília.

Colunista da Folha e do “International New York Times”, a jornalista e escritora Vanessa Barbara, vencedora do Prêmio Jabuti na categoria reportagem com o título “O livro amarelo do Terminal,” se diz uma entusiasta do mundo virtual.

Eu adoro a internet. Sou muito otimista, claro, às vezes tem muita besteira, mas também tem coisas importantes, sem falar que é um espaço ilimitado para explorar, brincar“, destacou.

Autor do livro “Paralelos”, lançado pela Geração Editorial, Leonardo Alkmim, outro participante do debate vindo de São Paulo, concordou com a independência e democratização do espaço.

É uma plataforma importante não só como veículo de divulgação, mas como você pensa a literatura hoje em dia“, observou. “Antigamente, se você queria ser publicado tinha que chegar numa grande editora. Agora não, você publica o texto nesse espaço digital e se vender muito ou pouco ele estará lá“, constatou, revelando que flertou com vários outros caminhos da cultura, antes de se tornar definitivamente escritor.

Depois de escrever seus primeiro livros entre 9 e 13 anos, deu um tempo na literatura para ser baterista e ator de teatro. No palco, teve chance de trabalhar com nomes de peso do segmento, como José Celso Martinez Corrêa e Paulo Autran. Empolgadom escreveu duas peças abordando temas como violência urbana e conflitos amorosos.

O grande poder do autor é embarcar no seu sonho. Essa independência me fascinou e me trouxe de volta para a literatura, onde a liberdade é plena“, comentou.

Autora do livro “Desnorteio” [Editora Patuá], vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura na categoria iniciante, Paula Fábrio contou que desde cedo tinha fascínio pela escrita, mas que escrevia escondida da família porque todos em casa não achava normal que ela tivesse esse hábito. “Lá em casa não havia o hábito da leitura, todo mundo odiava livro” , lamentou, arrancando risos da plateia.

Com os 500 exemplares do livro lançados por uma pequena editora, esgotados, ela mesma trouxe cinco títulos para serem vendido na Bienal. “É o sistema de distribuição de livros para novos escritores no Brasil“, ironizou.

POR LÚCIO FLÁVIO | EM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRASÍLIA | 21/04/2014, 14h52